DSCN1325 Durante décadas o povo Xavante esperou pela posse de sua terra, mas foi preciso mobilizar a opinião pública mundial, durante a Rio + 20, para que o Estado Brasileiro tomasse a decisão de resgatar as terras desse povo das mãos de posseiros invasores, ludibriados pelos grandes interesses de latifundiários capitaneados por algumas das figuras notórias do Congresso Nacional, lideradas pela famigerada Bancada Ruralista e sua “primeira-dama” Kátia Abreu, além de figuras locais, como prefeitos e deputados das cidades vizinhas.

O nome “Marãiwatsédé”, segundo dizem seus habitantes ancestrais, significa Terra Bonita, coberta de matas. No entanto, quase a metade dessas matas foi devastada em menos de duas décadas, para serem transformadas em pasto para o gado Nelore e em imensas plantações de soja transgênica, milho e arroz.

Mas foi nos mais recentes anos, sabedores de que a decisão da Justiça não lhes seria favorável, que esses latifundiários resolveram devastar tudo, deixando troncos carbonizados em enormes áreas vazias, mesmo sem interesse em utilizá-las para plantio ou criação. Estão lá, às vistas de todos para comprovação de sua má-fé! Os covardes latifundiários não se expunham nas manifestações, mas incitavam os pequenos produtores, nem sempre ingênuos, mas acobertados pelo poder do mais forte, de suas lideranças no Estado de Mato Grosso e em Brasília, certos de sua impunidade. Com o golpe fatal da ocupação de Posto da Mata pelas forças da Legalidade e da Justiça, perceberam que a derrota era inevitável, e abandonaram “suas terras” ao “deus-dará”!

Os pequenos e os grandes deixaram para trás até mesmo seus animais de estimação (se é que haveria alguma estima em deixar esses bichos morrerem à míngua!). Em ação contundente, o Estado Brasileiro, finalmente, tomou a decisão louvável, ainda que tardia, de fazer valer os direitos do povo Xavante em Marãiwatsédé e, com participação ativa do Exército, Polícia Federal, Força Nacional, INCRA, FUNAI, Polícia Rodoviária Federal, IBAMA e Secretaria Nacional da Presidência da República, expulsaram, sem direito a qualquer indenização, todos os invasores.

Agora se inicia uma nova etapa, tão importante quanto a desocupação, que será de estabelecer a presença indígena em todo seu território, criando novas aldeias, desenvolvendo projetos produtivos e sustentáveis, resgatando a mata que deu origem ao nome dessa terra, implementando políticas de fiscalização e vigilância permanente e fixando, definitivamente, os limites territoriais dos indígenas.

Mais importante ainda será transformar esta ação bem sucedida em um modelo a ser replicado em todas as terras indígenas que sofrem, há décadas, a exploração de não-indígenas dos recursos naturais que deveriam ser preservados para a posteridade, resgatando conhecimentos tradicionais e desenvolvendo ações que permitam que todos os nossos ancestrais indígenas possam desenvolver uma civilização sadia, bem-sucedida sob o aspecto de potencialidades contemporâneas, servindo, inclusive de modelo para a sociedade não-indígena de processos efetivamente sustentáveis e perenes.